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SERTÃ
Monumentos
Castelo da Sertã
A tradição diz que o castelo de cinco quinas (algo raro no país) foi edificado pelo capitão romano Sertório, no ano de 74 a.C., e que faria parte de uma rede de fortificações em volta da Serra da Estrela. Foi dentro das suas paredes que se desenrolou o episódio relatado pela famosa lenda da Celinda, em que esta intrépida mulher expulsou os romanos, atirando sobre eles uma frigideira (sertage) com azeite a ferver. No entanto, escavações arqueológicas recentes concluíram que a sua ocupação inicial poderá remontar apenas ao período islâmico (séculos X e XI).
Em 1936, por meio de subscrição popular, foi reconstruída uma das torres do castelo, bem como a Capela de São João Baptista, que se lhe encontra anexa. Em 1999, a Câmara Municipal levou a efeito um projeto de requalificação de todo este espaço.
As escavações arqueológicas, realizadas entre 1996 e 1998, revelaram a existência, dentro do perímetro do castelo, de um celeiro (utilizado pelo Almoxarifado da Sertã para guardar os cereais), uma antiga capela (anterior à atual), uma calçada em uso nos séculos XV/XVI e fragmentos de cerâmica árabes.
Edifício dos Paços do Concelho
Este edifício é um dos mais emblemáticos de todo o concelho e foi concluída a sua construção em 1934, dado que os antigos Paços do Concelho, localizado onde é hoje o miradouro Artur Caldeira Ribeiro, foram reduzidos a cinzas por um violento incêndio, em 1917.
O novo edifício foi projetado pelo conceituado arquiteto Cassiano Branco, que deixou as suas marcas no desenho dos pilares centrais e dos seus arcos, na escadaria central e no relógio do topo da fachada principal.
Neste conjunto impera o estilo Arte Déco, onde reconhecemos a geometrização da composição espacial das fachadas, a simplificação estrutural, a clareza de volumes e o caráter estilizado e abstratizante nos elementos decorativos, visível nas molduras dos vãos, nos pequenos frisos e nos gradeamentos.
O edifício é constituído por cave, rés do chão, 1.º piso e sótão. Atualmente, está ocupado por diversos serviços municipais.
Igreja Matriz de São Pedro
Não há certezas sobre quem mandou construir a Igreja Matriz, contudo presume-se que a iniciativa do projeto, tomada durante o reinado de D. João I, tenha tido partido de um destes homens: Nuno Álvares Pereira (natural do concelho e herói nacional) ou Álvaro Gonçalves Camelo (Prior do Crato e cujo túmulo pode ser observado no interior da igreja). Foi edificada em 1404, sob as ruínas de um antigo templo que existira no mesmo local, sendo Jhoane Anes Pietro de Ourê o responsável pela obra da nova igreja, que ficou consagrada a São Pedro.
O edifício divide-se em três naves de quatro tramos, marcadas por arcos góticos ogivais com revestimento de azulejos policrómicos quinhentistas, assentes em colunas graníticas de arestas chambradas.
Pode ver-se ao lado da porta do sol uma inscrição comemorativa que confirma a edificação da Igreja: "Era de mil CCCCXLII. Foi feita esta igreja à honra de Sam Pedro e fezea Johane Anes Pietro de Ourê" (ano referente à Era de César). Ao centro pode observar-se uma sertã (possível alusão ao topónimo), a chave de S. Pedro e a cruz de Malta; lateralmente observam-se as armas de D. João I e a inscrição "Santus Petrus de Sartagineor".